quinta-feira, 26 de junho de 2014

Balanço II - o jogo

Olha, acho que quem gosta de tática é general. Ou enxadrista. Eu gosto é do jogo jogado. Gosto de ver consistência, as jogadas sendo gestadas por um modo de se posicionar, de uma atitude perante o jogo, da competência em se executar  o que se acredita ser o melhor, ou o possível. Porque se os gols saem só de conjugações entre habilidade e oportunidade, perde-se um bom naco de sabor.

Muito bem. O que me parece evidente, até agora nesse Mundial, é que os grandes armadores estão em extinção. E, consequentemente, um modo de jogar que dependia fundamentalmente deles, da função que exercem no jogo. A Espanha, que detém os últimos típicos e muito bons, foi o que foi. Messi, Neymar, Sanchez, Özil, são na verdade meia-atacantes, pontas de lança. Sneider, Kroos e Pirlo são segundos-volantes. Gostei de Ruiz, da Costa Rica, mas que também joga um tantinho mais atrás. Graças às intervenções do nosso repórter especial Torres Pondêncio, vi hoje Jones, dos EUA, que tem estilo, mas esteve em jornada  um tanto desastrada.

Não sei se consigo propor uma interpretação para isso ainda. Sei que os times estão dando os seus jeitos, encontrando seus modos. Do que vi, gosto da Alemanha, com seus zagueiraços em linha, volantes inteligentes, meias atacantes que se movimentam incessantemente. Costa Rica e Chile também mostraram um padrão interessante. Holanda joga em velocidade, aproveitando a força física e precisão de seus atacantes, com um volante que atua taticamente, ora desarmando, ora encostando nos de frente.


E temos nós. Que também não temos armador, mas jogamos como se ainda tivéssemos; não sei se apostando em que o bom Oscar ainda possa sê-lo, não sei se por limitações do nosso bom comandante. Talvez a Azzurra tenha padecido de semelhante mal. Eles, feliz ou infelizmente, não tiveram tempo de desviar a rota.

2 comentários:

Douglas Germano disse...

Também não sou da tática. Minha cabeça ainda pensa posição pelo número da camisa. MAs tenho uma observação aí. Vejo que o jogo não acontece mais de maneira distribuída pelo campo. Muitos times estão jogando com 5 atrás (Holanda, Costa Rica, Alemanha)e, na tomada de bola a ação é lançar o ataque para surpreender a defesa adversária. Para isso, o meio campo, o armador não tem função. O que seria o armador, hoje, é um marcador de saída de bola adversária. Veja o Oscar. Ele não joga porque tem que marcar e faz isso muito bem. E quando acontece da bola ser retomada no campo de ataque, geralmente ela já estará no pé do atacante ou a um passe disto o que também dispensa o armador. A preparação física de hoje também possibilita isto. A cultura do "quem corre é a bola" está ficando obsoleta.

Fernando Szegeri disse...

Perfeito. É o que gostaria de ter dito.