Sinceramente, não
entendi Dom Felipão ontem. A opção pela entrada de Ramires no
lugar do lesionado Hulk, teoricamente poderia ser uma tentativa de
ocupar o famoso espaço no meio, aliviando Paulinho e Oscar, como bem
analisou Kuk A. Chirmannoff, o correspondente russo desta página em
Ribeirão Pires. Mas não. Ramires foi jogar lá na frente, e Oscar
começou o jogo como um insólito ponta esquerda, mais isolado que
pinguim em Copacabana. Depois eles inverteram, e não adiantou grande
coisa.
No segundo tempo,
constatada a ineficiência de Ramires, em vez de procurar ocupar o
buraco do Ademar da nossa meia-cancha, meteu Bernard para somar-se ao
time dos insulares. Depois tirou Fred por Jô, e o que se viu foi um
desesperador festival de chuveirinhos na área. A entrada de William
nem consigo avaliar, tamanha era a desfiguração tática do Escrete.
Não nos deixemos iludir pelas três ou quatro grandes defesas do
arqueiro mexicano, o nome do jogo, quase todas frutos de jogadas
esporádicas. Nossa sorte é que o México veio pra não jogar,
empatar ou perder de pouco. Esperemos que o argumento seja
“experimentamos, enquanto podíamos”.
Destaques positivos:
Julio César, que fez boas defesas e foi em todas as bolas; Tiago
Silva, soberano, o melhor brasileiro; Luis “Cabaré na Lapa”
Gustavo, incansável, preciso. Com boa vontade, poderíamos dizer que
Neymar tentou fazer a parte dele. Mas certamente precisaremos de mais
concentração, mais obstinação, mais sangue nos olhos do nosso
maior craque.
Fato é que daqui pra
frente não haverá mais espaço para improviso. O próximo jogo vale
vaga e colocação na chave. E depois é matar ou morrer.
5 comentários:
Não fosse o goleiro mexicano, o Escrete poderia ter saído de campo com 1 ou 2 a zero. E então diríamos que fizemos uma boa partida, que Copa é assim mesmo, que a tendência é melhorar etc. Tudo isso é verdade, mas duas coisas me preocupam severamente na Seleção: 1) A apatia do meio-campo - não por deficiência técnica, mas tática. Felipão parece se equivocar na insistência em jogar com um esquema quase em desuso no mundo, que deixa Fred isolado e praticamente sem função; 2) O nervosismo do time. É de se sentir no ar a ansiedade, a tensão e o desespero dos nossos jogadores - do Hino Nacional ao apito final do segundo tempo. Júlio César está bem, mas não foi suficientemente testado e me parece um dos mais tensos em campo; só perde para David Luiz, Marcelo, Paulinho, Oscar e Fred, que parecem amedrontados. Neymar está muito ansioso, querendo decidir o jogo rapidamente, o que faz com que não solte a bola nos momentos em que deveria soltá-la. Felipão precisa acalmar a rapaziada. Mas o que me assusta é a impressão de que o comandante está tão destemperado quanto a equipe. Vide sua última entrevista coletiva, recheada de chiliques injustificáveis contra a imprensa. E olha que para eu defender jornalista é difícil...
Júlio César:
Júlio César me dá medo. Os mexicanos batem mesmo muito de fora da área, mas ontem se superaram. Sabiam da insegurança de J.C. Cheguei à conclusão de que ele está inseguro mesmo, pois pulou, com esforço, em bolas que qualquer outro goleiro faria golpe de vista. Inclusive cedendo escanteios. Fosse real a auto confiança, veríamos aquela cena em que, ao mesmo tempo em que a bola segue para o gol, o goleiro sai andando em direção à marca do penalti falando com a defesa sem olhar pra bola.
O meio campo da seleção brasileira é um lugar por onde a bola só passa pelo alto. É o cacoete da roubada de bola na intermediária e bico pros atacantes como der. Sim, porque não dá pra chamar aquilo de lançamento.
O México marcou muito bem. Forçou Fred a sair pra buscar jogo, o que não é a dele e espremeu Neymar que, mesmo assim, conseguiu finalizar nas duas melhores chances de gol entre as três que tivemos.
Bigode:
O tempo foi passando e a câmera começou a mostrar o Bigode. Lá estava ele fazendo aquela cara que fazia no Palmeiras quando procurava o Galeano.
Na entrevista, emburrado, fez que não, que está tudo bem, aliás, 10% melhor.
O hino:
Também não tem significado real nenhum cantar o hino até a metade como se estivessem vociferando o último discurso diante da guilhotina. Para a globo, se encaixa no roteiro na parte “demonstração de garra e paixão”. Para mim é uma demonstração de histeria coletiva. Por isso é que eu acho que, o hino nacional nestas circunstâncias, copa, olimpíada, final de campeonato, deveria ser substituído por “Nação” de João Bosco e Aldir Blanc ou por “Brasil Pandeiro” na versão dos novos baianos. Guardaria a obra de Joaquim Osório Duque Estrada e Francisco Manuel da Silva, para posse de presidente, 7 de setembro e situações especial político administrativas nacionais.
Destaque muito positivo para Thiago e Luís Gustavo. É bom nem falar tanto pra não secar.
Chirmanoff: continuarei bradando aos quatro ventos o quão inespugnável é nosso derradeiro bastião. Porque é. E porque futebol não é só o que é.
Bruno: Felipão dá chiliques em entrevistas desde o tempo em que os bichos falavam. É quase redundante. Acho que existe uma excesso nessa de querer identificar o time com todo o mais. E todo o mais é muita coisa bonita e muita, muita merda. Mas isso, convenhamos, não pode ser debitado na conta dos nossos jovens guerreiros. O jogop está aí pra ser jogado. Vamos jogar.
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