Do apartamento, oitavo andar, abro a vidraça e grito quando
o carro passa:
O melhor: as invasões das torcidas sul-americanas; a delícia
que se sente nas ruas, nas arquibancadas, nas transmissões: a festa, a grande
festa em nossa casa - com a nossa competência,
com os nossos problemas.
O pior, de muito longe: as transmissões. Senão, vejamos:
Narradores - Desde que Galvão Bueno consagrou e enriqueceu com
um novo estilo de narração, que não comporta um minuto de silêncio, não importa
que bobagem você fale, não se narra mais o jogo. Não se diz mais o nome dos
jogadores, tarefa básica. E com o delay
pronunciado das transmissões televisivas digitais, nem o rádio se pode usar.
Os comentaristas - uma dureza a invasão de ex-jogadores,
muito deles bem medianos dentro das quatro linhas, deitarem sabedorias pelos
microfones com chapéu alheio. Edmundo fala em fair play. Casagrande e Mário Sérgio em exemplo fora dos gramados. Ronaldo reclama coerência. E por aí vamos. Não
que os jornalistas que cederam seus lugares para os boleiros fossem na média
muito diferentes, mas um Cáudio Zaidan, um Carsughi, um Trajano valiam e valem a
malta de flávios prados e quejandos. Salva-se honrosamente o grande Leovegildo
Júnior, craque ontem e hoje, falando
pouco e acertando muito.
Arbitragem - filhos diletos do moralismo que assola o mundo
e do legalismo, seu principal subproduto, os comentaristas de arbitragem foram
inventados para avaliar as atitudes que os homens de preto tem que tomar em
frações de segundos, ao vivo, depois de ver a repetição do lance em câmera
lenta dez ou quinze vezes. E para explicar as 17 regras cuja clareza meridiana
é em grande parte responsável pelo futebol ser o sucesso universal que é. Não
bastasse, chega a ser ofensivo ter que tolerar árbitros que foram desastrosos
dentro das quatro linhas como os proverbiais Márcio Rezende de Freitas, o conhecido
Senhor 95, e o arqui-parcial Paulo César
Oliveira investidos de uma autoridade moral em que nem suas tão ofendidas genitoras
conseguem acreditar. Triste, se não fosse patético.
3 comentários:
Velho, faça um post com as previsões para a próxima rodada. Arrisco que ganharemos do Chile, como sempre, pelo placar de 3 a 1 - mas não será fácil. Holanda e México ficam no 1 a 1 e os laranjas vencem, no sufoco, na prorrogação.
Você tocou num ponto que me irrita demais. A porra do delay. Sempre assisti o jogo ouvindo o rádio. Agora posso gritar gol antes, mas enche o saco. Sobre os locutores e comentaristas só escuto Tostão, Afonsinho e Gerson. Locutor que dizia o nome só Luciano. Mas se quiser ficar feliz e se sentir em casa, ESPN do Trajano.
O Trajano é ótimo, mas a narração acho mais amarrada que caju verde.
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