quinta-feira, 10 de julho de 2014

Na bola

Por mais que se procure por explicações para a retumbante derrota do Escrete para a Alemanha nesta terça, o fato simples e evidente é que perdemos na bola. Os alemães tem um bom time, o melhor da Copa. A seleção brasileira simplesmente deixou que executassem sem nenhuma oposição o que se programam e treinam para fazer – e fazem com uma impressionante eficiência.

Claro que os assombrosos números demandariam uma causa extraordinária qualquer, mas tenho para mim que isso fica no terreno do imponderável absoluto que circunscreve o futebol. Como um objeto que, largado de uma determinada altura, de repente não caísse, mas ficasse suspenso eternamente, desnorteando os espíritos acostumados a ver na queda tantas vezes repetidas uma lei inexorável e peremptória – com a devida licença do David Hume e do Alberto Mussa. A bobeira súbita e absoluta do time canarinho - de tantas glórias, de tantas vitórias – e, principalmente, a anormal avalanche de gols que se marcaram neste ensejo, em meu sentir, pertencem a essa categoria de fenômenos.


Observações aqui e acolá podem ser feitas, obviamente. À convocação, à escalação, às circunstâncias que cercaram o jogo etc. Pontuais, todas. Nenhuma dá nem nunca dará conta do desastre. Podemos, e talvez devamos, com calma, escarafunchá-las. Aos que creem que isso se faça necessário para evitar outros desastres no futuro, digo sem medo de errar: algo assim não tem como se repetir. Nem será capaz de nos fazer superar a tragédia. Poderá, na melhor das hipóteses, nos ajudar a conviver com a sua realidade inafastável e eterna.   

Um comentário:

Douglas Germano disse...

Cavucaram tão fundo que temo, inclusive, pelo fim do imponderável.