Por mais que se procure
por explicações para a retumbante derrota do Escrete para a
Alemanha nesta terça, o fato simples e evidente é que perdemos na
bola. Os alemães tem um bom time, o melhor da Copa. A seleção
brasileira simplesmente deixou que executassem sem nenhuma oposição
o que se programam e treinam para fazer – e fazem com uma
impressionante eficiência.
Claro que os
assombrosos números demandariam uma causa extraordinária qualquer,
mas tenho para mim que isso fica no terreno do imponderável absoluto
que circunscreve o futebol. Como um objeto que, largado de uma
determinada altura, de repente não caísse, mas ficasse suspenso
eternamente, desnorteando os espíritos acostumados a ver na queda
tantas vezes repetidas uma lei inexorável e peremptória – com a
devida licença do David Hume e do Alberto Mussa. A bobeira súbita e
absoluta do time canarinho - de tantas glórias, de tantas vitórias
– e, principalmente, a anormal avalanche de gols que se marcaram
neste ensejo, em meu sentir, pertencem a essa categoria de fenômenos.
Observações aqui e
acolá podem ser feitas, obviamente. À convocação, à escalação,
às circunstâncias que cercaram o jogo etc. Pontuais, todas. Nenhuma
dá nem nunca dará conta do desastre. Podemos, e talvez devamos, com
calma, escarafunchá-las. Aos que creem que isso se faça necessário
para evitar outros desastres no futuro, digo sem medo de errar: algo assim não tem como se repetir. Nem será capaz de nos
fazer superar a tragédia. Poderá, na melhor das hipóteses, nos
ajudar a conviver com a sua realidade inafastável e eterna.
Um comentário:
Cavucaram tão fundo que temo, inclusive, pelo fim do imponderável.
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