Todo o mais que poderia
ser dito e escrito, toda análise, toda comemoração, todo alívio,
todos os etcéteras imagináveis têm que dar lugar, inelutavelmente,
à fatalidade da perda de Neymar. Pela perda em si, claro, mas
sobretudo pela maneira como se deu, com ares trágicos como há
tempos não se via, ao vivo e a cores para os quatro cantos do Orbe.
Guardadíssimas as devidas proporções, graças aos Deuses, vendo
ali o choro desesperado do nosso menino, acho que não se sentia um
tamanho travo na garganta da nação desde que Senna se espatifou na
Tamburello.
E análises mais não
cabem, mesmo. Porque agora tudo e qualquer coisa pode acontecer. Quem
entra no lugar, se Felipão fecha o meio com outro volante, se coloca
um meia, se muda o esquema, se sacrifica A ou B, tudo parece pouco
relevante em face da pergunta capital: como repercutirá sobre o
espírito do Escrete a saída de seu melhor jogador num momento
decisivo. Temos exemplos históricos nos dois extremos, de 62 a 98
(toc, toc, toc). Temos o Uruguai desta Copa. Mas temos, acima de
qualquer coisa, o imponderável, o extraordinário, o inesperado de
que tanto falamos. Ninguém imaginaria que viria na forma que veio,
claro; e ninguém, mesmo, em sã consciência, poderia querer. Mas o
fato é que temos diante dos nossos olhos o ingrediente trágico que
julguei capaz de unir a nação, a torcida, o time, a crônica em
torno do Escrete. E tirando os imbecis militantes - tão destemidos,
tão persistentes -, pelos quais jamais me deixarei derrotar, creio
firmemente que esta coalizão virá.
No butiquim, reduto
último da palavra, como disse o Poeta, quando da chegada da notícia
da contusão, ecoou a frase do Otto Lara que parecia resumir esse
sentimento: o mineiro só é solidário no câncer. O brasileiro só
se une na tragédia.
Que venham os alemães!
Aguardamo-los. Em Minas Gerais.
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