segunda-feira, 7 de julho de 2014

Brasil x Colômbia

Todo o mais que poderia ser dito e escrito, toda análise, toda comemoração, todo alívio, todos os etcéteras imagináveis têm que dar lugar, inelutavelmente, à fatalidade da perda de Neymar. Pela perda em si, claro, mas sobretudo pela maneira como se deu, com ares trágicos como há tempos não se via, ao vivo e a cores para os quatro cantos do Orbe. Guardadíssimas as devidas proporções, graças aos Deuses, vendo ali o choro desesperado do nosso menino, acho que não se sentia um tamanho travo na garganta da nação desde que Senna se espatifou na Tamburello.

E análises mais não cabem, mesmo. Porque agora tudo e qualquer coisa pode acontecer. Quem entra no lugar, se Felipão fecha o meio com outro volante, se coloca um meia, se muda o esquema, se sacrifica A ou B, tudo parece pouco relevante em face da pergunta capital: como repercutirá sobre o espírito do Escrete a saída de seu melhor jogador num momento decisivo. Temos exemplos históricos nos dois extremos, de 62 a 98 (toc, toc, toc). Temos o Uruguai desta Copa. Mas temos, acima de qualquer coisa, o imponderável, o extraordinário, o inesperado de que tanto falamos. Ninguém imaginaria que viria na forma que veio, claro; e ninguém, mesmo, em sã consciência, poderia querer. Mas o fato é que temos diante dos nossos olhos o ingrediente trágico que julguei capaz de unir a nação, a torcida, o time, a crônica em torno do Escrete. E tirando os imbecis militantes - tão destemidos, tão persistentes -, pelos quais jamais me deixarei derrotar, creio firmemente que esta coalizão virá.

No butiquim, reduto último da palavra, como disse o Poeta, quando da chegada da notícia da contusão, ecoou a frase do Otto Lara que parecia resumir esse sentimento: o mineiro só é solidário no câncer. O brasileiro só se une na tragédia.

Que venham os alemães! Aguardamo-los. Em Minas Gerais.


Nenhum comentário: