quinta-feira, 10 de julho de 2014

Domingo

O futebol por si só é uma caixinha de surpresas, como parece já ter dito alguém. Não bastasse, o velho Sobrenatural de Almeida deu as caras nessa Copa como havia muito não. Além disso, serão cinco títulos mundiais em campo, outros muitos vices; duas camisas poderosíssimas, duas seleções com sede de levantar o caneco há muito tempo.

Por essas e outras razões, não há previsões a se fazer acerca do que ocorrerá no Maracanã no próximo domingo. Bola por bola, a Alemanha jogou muito mais no Brasil. Aquele comentarista caipira diria até que a superioridade do futebol alemão nesta Copa é tanta, que a Argentina levará a taça. Eu não chegaria a tanto, mas tenho que reconhecer que, nos termos da metafisica do futebol, quatro-a-zeros e sete-a-uns credenciam bem menos do que as vitórias temperadas a suores, lágrimas e sangue. Mas também não foi isso tudo que se chegou a ver do outro lado; antes, um dedicado esforço para superar as suas próprias limitações.


Façam suas apostas, pois, senhores. Especulem, debatam, simulem, bebam. Até porque, depois, só daqui quatro anos.  

Antes, porém...

… temos nosso derradeiro confronto, frente os laranjas. A nação inteira está convocada a reunir o resto de suas exauridas forças para não deixar nossos meninos sozinhos na hora final. Para que possamos fazer uma despedida que honre a dedicação e a gana que o Escrete encampou nessa Copa, como há tempos não se via.


Chegando ao fim

O melhor Mundial da minha vida vai chegando ao fim. Pelo futebol que se jogou, pela festa que se fez, pelos significados todos que passou a encampar, pela possibilidade de ver em ação, ao vivo, quatro camisas campeãs do mundo, esta Copa deixará neste cronista uma imensa saudade.

Até a tristeza de nossa inacreditável derrota acabou por dar cores e traços únicos ao que vivemos. Uma história a mais para o grande cabedal que angariei nesse um mês de futebol total, a ser transmitido, assim espero, para os netos.


E é por tudo isso que eu, sinceramente, só posso agradecer, agradecer e agradecer.

Argentina x Holanda

Os dois gigantes do futebol repetiram o confronto da final da Copa de 78. E mais uma vez o desfecho foi favorável aos platinos. Depois de um primeiro tempo disputado e até agradável, o que se viu no segundo e na prorrogação foi um jogo truncado, de muita marcação, sem ousadia nem inspiração de parte a parte.

Se não puderam contar com o talento de um Ardilles, a segurança de um Passarella, ou com a letalidade de um Kempes, o time alvi-azul meteu trancas e ferrolhos na defesa, contou com a garra e a competência incansáveis de Mascherano (melhor atuação individual argentina nos jogos que vi) nos desarmes do meio, e não deixou a Laranja jogar. Sneider perdeu feio a briga no meio-de-campo, Robben muito bem marcado não pode encaixar o seu jogo e, como consequência, Van Persie não pegou na bola. Na frente, contudo, a competência argentina não foi a mesma. A falta de Di Maria foi sentida. Messi, bem marcado, mas apático, fez sua pior partida na Copa. Higuain não jogou mal, mas teve pouquíssimas chances.

Resultado: um eloquente zero-a-zero. Até que nos penais os hermanos puderam prevalecer-se da camisa, da garra, da torcida.


Retratação

Eu que tenho verdadeiro desprezo por essa novel crônica esportiva forjada no controle remoto e no sofá, sinto-me no dever de manifestar publicamente minha retratação em relação a esse que para mim era a encarnação do tipo: Paulo Vinícius Coelho, codinome PVC.


Para mim o jornalista sempre representou o supra-sumo desse futebolismo erudito, com números, estatísticas, teoremas, teorias, análises, filosofias. E certezas, muitas certezas. Mas o que se viu na sequência da derrota brasileira da Terça-feira Negra, foi um semblante desarvorado e um indisfarçável travo na garganta. Por detrás das pranchetas, computadores e info-gráficos, apareceu um menino atônito, de calças curtas e olhos incrédulos: o menino do espelho de 1982. Vi um amor e uma emoção puros, como só o futebol pode despertar. Como só os apaixonados pelo futebol podem experimentar. 

A redenção

Minha avó sempre disse para ter cuidado com o que a gente pede aos céus. Para aqueles que tanto sonharam e pediram a redenção da derrota de 50, ela acabou finalmente vindo. Obviamente, da maneira que ninguém poderia imaginar.


Mas o certo é que, desde a última terça-feira, o “Maracanazzo” deixou de ser a maior tristeza do futebol brasileiro. Barbosa poderá, finalmente, descansar em paz.  

A maior de todas as derrotas

O Brasil pôde testemunhar no Mineirão nesta última terça a sua maior derrota de todos os tempos: o “olé” cantado da platéia para o Escrete. Acho que nunca na vida vi uma demonstração mais cabal de pequenez coletiva. Não do povo brasileiro, claro, que ali não estava. Mas de um estrato abjeto, nauseabundo e infame da população que habita o país, que mostrou ao mundo ao vivo e a cores o resumo perfeito de seu modo de ser e existir. O abandono e a humilhação do companheiro de trincheira, justamente quando ele se vê no seu mais difícil momento é a ilustração perfeita do caráter dessa escumalha.


A esses poderia dizer que devoto meu mais profundo desprezo, mas faltaria com a verdade. Anotem, pois: dedicarei todas as energias da minha vida, do meu canto, da minha pena, da minha luta, para livrar o país dessa escória. Peço aos deuses, todos os dia, que minha mão não trema na hora de cortar-lhes a garganta.

A falta que ele fez

Impressionante. Sabia-se que ele faria falta. Sabia-se que era uma referência mais que fundamental no time. Nossa única certeza, talvez. Uma unanimidade, como não? Nem o mais arguto dos analistas, porém, seria capaz de antever o quão brutal seria o despencamento no nível do futebol jogado pelo Escrete com a ausência do craque. Jamais se poderia supor o tamanho do estrago.  Ouso dizer que se lá ele estivesse, ao menos o tamanho da tragédia não teria sido o que foi.


Mas a verdade, senhores, que nunca na história da Seleção Brasileira uma falta foi tão sentida. Refiro-me, obviamente, ao capitão Thiago Silva.

Na bola

Por mais que se procure por explicações para a retumbante derrota do Escrete para a Alemanha nesta terça, o fato simples e evidente é que perdemos na bola. Os alemães tem um bom time, o melhor da Copa. A seleção brasileira simplesmente deixou que executassem sem nenhuma oposição o que se programam e treinam para fazer – e fazem com uma impressionante eficiência.

Claro que os assombrosos números demandariam uma causa extraordinária qualquer, mas tenho para mim que isso fica no terreno do imponderável absoluto que circunscreve o futebol. Como um objeto que, largado de uma determinada altura, de repente não caísse, mas ficasse suspenso eternamente, desnorteando os espíritos acostumados a ver na queda tantas vezes repetidas uma lei inexorável e peremptória – com a devida licença do David Hume e do Alberto Mussa. A bobeira súbita e absoluta do time canarinho - de tantas glórias, de tantas vitórias – e, principalmente, a anormal avalanche de gols que se marcaram neste ensejo, em meu sentir, pertencem a essa categoria de fenômenos.


Observações aqui e acolá podem ser feitas, obviamente. À convocação, à escalação, às circunstâncias que cercaram o jogo etc. Pontuais, todas. Nenhuma dá nem nunca dará conta do desastre. Podemos, e talvez devamos, com calma, escarafunchá-las. Aos que creem que isso se faça necessário para evitar outros desastres no futuro, digo sem medo de errar: algo assim não tem como se repetir. Nem será capaz de nos fazer superar a tragédia. Poderá, na melhor das hipóteses, nos ajudar a conviver com a sua realidade inafastável e eterna.   

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Clap, clap, clap, clap!!!



Mister, em absoluto, aplaudir de pé o selecionado, a torcida, a nação costarricense. Uma página que tão cedo não será apagada da história do esporte bretão.

Holanda x Costa Rica

O mais surpreendente dos confrontos das quartas, mas com um resultado previsível. Como todos os demais, aliás. Mas que foi por pouco, foi.

A Costa Rica fez muito mais que uma despedida honrosa: por um triz não despachou os poderosos vice-campeões do mundo. O goleiro Navas, com atuação histórica, seria o destaque da partida, não fosse a ousada substituição do arqueiro holandês somente para a disputa de pênaltis. Um lance astuto, que apostou alto e deu certo. Não tivesse dado, Van Gaal estaria agora dependurado na cruz imaginária reservada aos mártires do futebol, clamando por uma morte rápida.


Argentina x Bélgica

Os hermanos fizeram sua melhor partida, taticamente muito bem executada, mas ainda sem encher os olhos. Acharam um gol no início, como nós, como os germanos. Congestionaram o meio, marcaram muuuuito atrás. E a Bélgica sentiu o peso da camisa. Foi o que se viu.

Di Maria junta-se a Aguero no estaleiro. Higuain pareceu reestabelecido. Messi não brilhou ainda, continua jogando pro gasto, o que reputo apavorante. Agora defrontarão, finalmente, um adversário senão superior, ao menos que vem jogando melhor. O resto, meus caros, são prosopopéias. Com todo, mas TODO o devido respeito.


Brasil x Colômbia

Todo o mais que poderia ser dito e escrito, toda análise, toda comemoração, todo alívio, todos os etcéteras imagináveis têm que dar lugar, inelutavelmente, à fatalidade da perda de Neymar. Pela perda em si, claro, mas sobretudo pela maneira como se deu, com ares trágicos como há tempos não se via, ao vivo e a cores para os quatro cantos do Orbe. Guardadíssimas as devidas proporções, graças aos Deuses, vendo ali o choro desesperado do nosso menino, acho que não se sentia um tamanho travo na garganta da nação desde que Senna se espatifou na Tamburello.

E análises mais não cabem, mesmo. Porque agora tudo e qualquer coisa pode acontecer. Quem entra no lugar, se Felipão fecha o meio com outro volante, se coloca um meia, se muda o esquema, se sacrifica A ou B, tudo parece pouco relevante em face da pergunta capital: como repercutirá sobre o espírito do Escrete a saída de seu melhor jogador num momento decisivo. Temos exemplos históricos nos dois extremos, de 62 a 98 (toc, toc, toc). Temos o Uruguai desta Copa. Mas temos, acima de qualquer coisa, o imponderável, o extraordinário, o inesperado de que tanto falamos. Ninguém imaginaria que viria na forma que veio, claro; e ninguém, mesmo, em sã consciência, poderia querer. Mas o fato é que temos diante dos nossos olhos o ingrediente trágico que julguei capaz de unir a nação, a torcida, o time, a crônica em torno do Escrete. E tirando os imbecis militantes - tão destemidos, tão persistentes -, pelos quais jamais me deixarei derrotar, creio firmemente que esta coalizão virá.

No butiquim, reduto último da palavra, como disse o Poeta, quando da chegada da notícia da contusão, ecoou a frase do Otto Lara que parecia resumir esse sentimento: o mineiro só é solidário no câncer. O brasileiro só se une na tragédia.

Que venham os alemães! Aguardamo-los. Em Minas Gerais.


Alemanha x França

Um jogo truncado, estudado, tático. A Alemanha mudou completamente seu modo de jogar, fixando Klose no comando de ataque, puxando Lahn para a ala direita, no lugar do quarto zagueiro em linha que até então vimos. E deu certo. Porque deu. O gol precoce facilitou muito a tarefa, claro, mas o fato é que o esquema foi eficiente em não deixar a França gostar do jogo. O congestionamento no meio impediu a troca de passes rápida dos franceses, sua principal arma. E Neuer fez um partidaço.


O time francês teve o que mereceu dos deuses do futebol, como eu aqui previra. É um time jovem, claro, pode ainda dar caldo, desde que entenda que futebol não é apenas brincar de bola com os pés. O choro do garoto Griezman, tão blasé até então, pode ser o começo.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

QUE COPA!!!

Muitas e muitas coisas podem ser e estão sendo ditas sobre esta Copa. Mas acho que uma é absolutamente inescapável: QUE COPA!!!

Um futebol que não se via assim, no conjunto, enquanto técnica, estética, estilo, competitividade, seguramente desde o Mundial da Espanha, em 82. Podem desfiar o rosário da memória. Além de tudo, equilibrado, enigmático, surpreendente.


E uma alegria, um astral, um envolvimento, uma festa digna dessa que talvez seja a mais fascinante das brincadeiras modernamente engendradas pelo espírito humano: o futebol, sim senhor! Em seu mais sublime momento! A despeito de todas as desimportâncias. 

Ora me perguntareis...

... por óbvio: e Brasil e Colômbia? Mas eu não brinco com coisa séria.  

A hora dolorosa e roxa

Agora é a hora da onça beber água. As quartas-de-final, o filé minhom, o mel na chupeta. E se ninguém teve vida fácil nas oitavas, à exceção inesperada, talvez, da Colômbia, a coisa agora se torna absolutamente imprevisível.

Alemanha e França farão um duelo de gigantes, pelas camisas, pelo futebol mostrado nesta Copa, pela rivalidade histórica dentro e fora dos gramados, pela quase oposição de estilos. Os germânicos jogam o jogo cadenciado, paciente, tático, pensado, com muita movimentação e qualidade. Os franceses tem um futebol impetuoso, rápido, preciso nos passes. As equipes são hábeis e técnicas em suas propostas. Tudo para um jogo histórico. Meu palpite, já deixado escorrer pelas frestas desta coluna, é completamente metafísico. Mas aposto nele, porque, mais uma vez, há muito mais coisas entre as quatro linhas do que pode supor toda a grande filosofia. Alemã ou francesa.

Holanda e Costa Rica terão o embate aparentemente mais previsível. Costa Rica virá desfalcada, extenuada, possivelmente mais relaxada por uma inafastável sensação do dever cumprido. Que foi, não se pode negar. Os laranjas, por sua vez, sabem que tem que administrar o calor de Salvador e o que lhes resta de força física, uma de suas maiores armas, com vistas aos possíveis próximos dois jogos. Torceria eu, loucamente, por uma improvável vitória centro-americana, pela simpatia da participação costarricense dentro e fora das quatro linhas. Mas, nessas condições, contentar-me-ei com uma despedida honrosa.

Argentina e Bélgica disputam talvez o mais enigmático dos confrontos. Futebol por futebol, time por time, os diabos jogaram muito mais até aqui. A defesa alvi-azul, que não é exatamente uma maravilha, vai se deparar com a velocidade, técnica e força física dos europeus. Mas a Argentina é a Argentina. E quarta-de-final é quarta-de-final. Além do mais, noves fora, Messi. Que não é pouco, principalmente se resolver acordar.


Virando a página

Dois duelos fecharam a fase de oitavas-de-final que acabou por barrar, de maneira inédita, acredito, todos os que não se sagraram campeões de suas chaves na etapa inicial.

Argentina e Suíça fizeram um jogo tecnicamente ruim, chato, pouco criativo, difícil de assistir. Eu que só vira direito os hermanos na sua estréia contra a fraca Bósnia impressionei-me com sua incapacidade de variar jogadas. E olha que Di Maria esteve bem, aparecendo bastante para o jogo, chamando a responsabilidade. De toda sorte, a bola dominada na entrada da área por um ainda não muito inspirado Messi é sempre uma arma poderosíssima. Imaginem se o homem resolve realmente jogar tudo o que sabe e pode.... E é a Argentina, com sua gana, sua camisa, sua torcida imensa e febril.

Já Bélgica e EUA fizeram um partidaço, muito disputado, técnica e taticamente interessantíssimo, emocionante no final, um dos melhores da Copa. Os belgas levaram a melhor fazendo valer uma superioridade técnica e física que, se não foi acachapante, foi efetiva, com destaque para o habilidoso e rápido meia-atacante Origi e o atacante Lukaku, que o substituiu, fez o passe para o primeiro gol e marcou o segundo. Já os EUA demonstraram uma bravura e entrega poucas vezes vistas, com destaque para a atuação histórica do goleiro Howards – no que talvez tenha sido a melhor atuação individual de um atleta no certame -, da qualidade e dedicação do zagueiro Gonzales e do meia Bradley. Este colunista, que não é exatamente um amante do que representam os Estados Unidos da América no mundo, confessadamente lamentou o inacreditável gol perdido pelo zagueiro Wondolowsk aos 47 do segundo tempo.


E agora, senhores, é a hora de ver quem tem garrafa vazia pra vender.

Sigo

Diversas cartas chegaram à redação desta coluna, aconselhando o redatora destas linhas a antecipar sua aposentadoria, em vista da acachapante bola fora acerca do jogo entre argelinos e germanos.

O signatário agradece, comovido, mas declina. Malgrado tenham os leitores completa razão em relação ao crasso erro de avaliação, isso só reafirma a disposição para seguir em frente com este modesto artifício, cumprindo que está, ainda que aos trancos e barrancos, seu intento precípuo: ser a tribuna de um torcedor comum, que se vale destas epifanias futebolísticas quadrianuais para se dar o direito de estampar para posteridade neste asséptico espaço o que normalmente, no lapso que as separa, só desperdiçaria alegremente pelos butiquins infectos e arquibancadas carcomidas.


Ademais, é isso: especialistas estão aí aos borbotões. Ex-jogadores, ex-árbitros, ex-jornalistas, cartolas, treinadores. Todos com cursos, currículos e muitas, muitas horas de campeonatos europeus via telinha. E erram tanto quanto - ou mais - a despeito de quererem vestir os seus pitacos dos farrapos de uma autoridade difícil de convencer. Nós, entretanto, acreditamos que a falseabilidade encarna essencialmente a força motora de qualquer ideia. E o que não sabemos dessa fascinante brincadeira, aprendemos bem longe dos canais televisivos por assinatura.  

Mama África

Falando em continente negro, mais uma vez carecemos das seleções da África sub-saariana nos momentos derradeiros do certame Mundial. Os africanos não repetiram no Brasil as boas presenças de copas passadas. Camarões, cheio de problemas, não disse a que veio. Gana jogou um futebol abaixo do que mostrou ser capaz nas edições passadas, levando o troco das pretéritas eliminações do selecionado estadunidense. Costa do Marfim, ainda que roubada vergonhosamente no lance capital contra a Grécia, não conseguiu emplacar o bom futebol jogado na estréia contra os japoneses. Exceção honrosa para os Nigerianos, que mesmo não empolgando na primeira fase, conseguiram jogar de igual para igual contra a França, impondo seu padrão de jogo e fazendo jus à escola que tão bem representam, prejudicados pela lesão faltosa em seu melhor jogador no momento em que a peleja estava equilibrada e no auge da tensão.

De toda sorte, não sendo mais a surpresa de outros tempos, com seus melhores jogadores exaustivamente manjados pela superexposição dos gramados europeus, presas fáceis da estrutura devoradora do capitalismo esportivo, e sabidamente vergastados pelas críticas condições sócio-político-econômicas a si impostas por uma iníqua estrutura internacional, os países da África Negra  talvez estejam vendo seu outrora tão promissor futebol diante de uma encruzilhada histórica. Fato é que a tendência que atualmente se desenha é que frustrem as expectativas suscitadas 30 anos atrás e estacionem como coadjuvantes do duelo hegemônico entre americanos e europeus. Na melhor das hipóteses, infelizmente.


Para aprender

Em absoluta discrepância com o que aqui havia sido previsto, os alemães passaram um baita sufoco para despachar os derradeiros representantes do continente negro. E ouso dizer, até, pelo que se viu em parte do segundo tempo e na prorrogação, até o gol alemão, que se não tivessem se abstido de pressionar para tentar jogar a sorte nos penais, poderiam ter tido melhor sorte. A prova é que, no desespero, no finalzinho do jogo, lançaram-se ao ataque e violaram a meta do gigante Neuer.